O psicanalista alemão Karl Abraham, discípulo de Freud, definiu muito bem aquilo a que chamou a “neurose de domingo”. Um dos aspectos dessa neurose manifesta-se sob a forma do tédio. O tédio é uma experiência do tempo em que este parece ampliar-se sem fim, fazendo-nos sentir encerrados dentro dele. Saber “perder tempo”, esse saber que a figura do
dandy tinha no mais elevado grau, é uma sabedoria que se perdeu.
António Guerreiro
A Epidemia do Tédio, Suplemento Ípsilon, Jornal Público