O Domesticador e o Falcão


Eu que pensava ser tão duro, 
Mas, domado pelas tuas mãos, 
Não consigo ser assim veloz 
Ao voar para ti e mostrar 
Que quando parto, parto 
Às tuas ordens. 

Até voando lá no alto 
Já não sou livre; 
Selaste-me com o teu amor, 
Cegaste-me para as outras aves... 
O hábito das tuas palavras 
Vendou-me. 

Como antigamente, rodo, 
Pairo e volteio, 
Mas apenas quero a sensação, 
No meu espírito possessivo, 
De quem captura e é capturado 
Sobre o teu pulso. 

Tu, que és quase ignorante, 
Ensinas-me desta maneira. 
Por ter apenas olhos 
Para ti, receio tudo perder, 
Eu que perco para conservar e escolho 
O domesticador como presa.

Thom Gunn
A Destruição do Nada e outros poemas