Alonso Quijano


Viveste um sonho, Alonso. A tua vida 
ainda hoje transcende a ilusória 
verdade que há num corpo, a sua história 
tão pobre e desde sempre repetida.

Viveste, Alonso, fora da medida 
que sempre limitou a transitória 
razão dos seres humanos na inglória 
febre de mil desejos sem saída.
 
Amaste para sempre a tua ideia 
num rosto a que chamaste Dulcineia 
desde o primeiro dia, cavaleiro.
 
Por isso estás aqui e em toda a parte 
enquanto houver alguém a imaginar-te 
num sonho que extravasa o mundo inteiro.

Fernando Pinto do Amaral