Explica a história: a palavra «trabalho» vem da palavra latina
tripalium, instrumento de tortura e de castigo para os escravos. O trabalho era, nesse tempo, depreciado e depreciativo. Para os gregos antigos, só o ócio criativo era digno do homem livre. Esta concepção adaptou-se, mas persistiu na era medieval. A ética protestante vem dar ao trabalho um valor moral fundamental. No século XIX, sobretudo com a Revolução Industrial, o trabalho ganhou uma importância central nas nossas sociedades. Na sociedade burguesa, o trabalho passou a gerar boa consciência e boa reputação, em vez de má consciência e má-reputação, trocando assim o seu lugar axiológico com o do ócio, que durante séculos tinha mais boa fama e boa fortuna.
A partir das últimas décadas do século XX, com as novas revoluções tecnológicas digitais, o trabalho e o que dele pensamos passou a estar em trânsito para um mundo ainda desconhecido, aqui ou ali relanceado pelo nosso olhar curioso ou inquieto. Uma coisa é certa: ao longo dos tempos, o trabalho, a maneira de o conceber e de o praticar, modulou as grandes mudanças políticas, sociais e culturais.
José Manuel dos Santos / António Soares
Prometeu e Fausto, revista Electra