Todo (Nenhum) Homem é uma Ilha
Os coleccionadores são catalogadores inveterados e todos os que gostam de fazer listas são ou poderão vir a ser coleccionadores. Coleccionar é uma espécie de desejo insaciável, um dom-joanismo de objectos para o qual cada nova descoberta provoca uma nova tumescência e gera o prazer adicional da marcação de pontos, da enumeração. A dimensão e a pertinácia da conquista perderiam algum do seu estímulo e sabor não fosse existir algures um livro-mestre com os variados mille e tre (e, preferivelmente, um factótum para o manter em dia), que pode proporcionar a sua feliz contemplação nos momentos de vagar, como antídoto da exaustão do desejo a que está sujeito e que combate o atleta erótico. Mas as listas são uma empresa muito mais espiritual para o atleta da aquisição material e mental.
A lista é já em si uma colecção, uma colecção sublimada. Não é necessário possuir as coisas. Saber é ter (felizmente, para quem não possua grandes meios). E já uma espécie de reivindicação, uma espécie de posse, pensar nelas sob esta forma, a forma de uma lista: significa avaliá-las, ordená-las, dizer que são dignas de ser recordadas ou desejadas.
Susan Sontag
O Amante do Vulcão
Milhares de discos, milhares de filmes, centenas de livros. Que fazer com tudo isto? Que fazer com toda esta memória cultural e espiritual por onde naveguei ao longo da minha juventude e por onde navego ainda? Esse imenso rio de emoções e conhecimento onde convergem as águas de inúmeros afluentes.
Milhares de discos, milhares de filmes, centenas de livros. Que fazer com tudo isto? Que fazer com toda esta memória cultural e espiritual por onde naveguei ao longo da minha juventude e por onde navego ainda? Esse imenso rio de emoções e conhecimento onde convergem as águas de inúmeros afluentes.
jmn