Gloriosos Pândegos: Contos 2 (O. Henry)

CONTOS (2)
O. HENRY
(1904-10)
O Servidor Fiel
De entre o pessoal do Banco Weymouth, o tio Bushrod não era de modo algum o membro menos importante. Havia sessenta anos que prestava os seus leais serviços à casa na qualidade de confidente, funcionário e amigo. O tio Bushrod tinha a mesma cor escura dos móveis de ébano do estabelecimento e a alma impoluta como as fichas por preencher. A comparação resultaria extremamente lisonjeira para ele, porque para o tio Bushrod não existia no Mundo outra instituição digna de nota além do Banco Weymouth, no qual desempenhava funções intermédias entre as de porteiro e generalíssimo altamente efectivo.
Weymouth Ville erguia-se, sonhadora e sombria, entre as baixas encostas que ladeavam um vale meridional. Funcionavam três bancos na povoação. Dois constituíam empresas sem importância, mal administradas, que arrastavam uma existência lânguida, porque careciam da presença e renome de um Weymouth para lhes conferir prestígio e valia. Mas o terceiro era o estabelecimento dirigido pelos Weymouth pessoalmente e pelo tio Bushrod.
No antigo solar dos Weymouth — uma mansão de tijolos vermelhos e arcadas brancas, primeiro edifício que se avistava ao desembocar na localidade procedendo de Elder Creek — vivia o senhor Robert Weymouth, presidente do Banco, com a sua filha viúva, senhora Vesey — que todos tratavam por Miss Letty — e os dois descendentes desta: Nan e Guy. No terreno adjacente à mansão, ocupando uma casa pequena, morava o tio Bushrod e a tia Malindy, sua mulher. O senhor William Weymouth, caixeiro do Banco, residia numa construção moderna e deveras atraente, na artéria principal da localidade.
Galeria Panorama
(Série Contistas)
trd. Eduardo Saló
(lido em 2022)