Mundos Fabulosos: O Aleph

O ALEPH
JORGE LUIS BORGES
(1949)
O Imortal
Em Londres, no começo de Junho de 1929, o antiquario Joseph Cartaphilus, de Esmirna, ofereceu à princesa de Lucinge os seis volumes em quarto-menor (1715-1720) da Ilíada, de Pope. A princesa adquiriu-os; ao recebê-los, trocou algumas palavras corn ele. Era, diz-nos, um homem muito magro e terroso, de olhos e barba cinzentos e traços singularmente vagos. Desembaraçava-se com fluidez e ignorância em diversas línguas; em poucos minutos, passou do francês para o inglês e do inglês a uma mistura enigmática de espanhol de Salonica e de portuguès de Macau. Em Outubro, a princesa ouviu de um passageiro do «Zeus» que Cartaphilus tinha morrido no mar, ao regressar a Esmirna, e que fora enterrado na ilha de Ios. No último tomo da Ilíada encontrou o manuscrito que se segue.
O original está escrito em inglês é abundante em latinismos. A versão que oferecemos é literal.
Editorial Estampa, 1976
(Ficções)
trd. Flávio José Cardoso

O ALEPH
(lido em 2002)